Meu parto normal pelo SUS não foi um parto humanizado, infelizmente!
Sofri violência obstétrica, peguei um plantão ruim, uma
enfermeira grosseira e uma médica que usou procedimentos desnecessários. Mas eu
sabia dos riscos, estudei muito e sabia como é o parto no Brasil, as práticas
são muito antigas. Mas para ter um parto humanizado eu gostaria de ganhar o
Caíque em casa, porém ainda é muito caro, e correr os riscos de fazer isso sem
o acompanhamento necessário eu não poderia.
Não vou relatar aqui a violência em si, pois não quero
desmotivar outras mulheres a ter seu parto normal, pelo contrário, minha
intenção sempre foi divulgar informação, e não me arrependo em nenhum momento
de ter o parto normal, mas se eu pudesse voltar no tempo eu teria em casa, hospitais usam procedimentos do século passado. Pesquise mais sobre isso.
Caíque veio ao mundo de 40 semanas + 2 dias, 3,7 kg e 52 cm, esperei ele vir
ao mundo no tempo dele, me preparei para isso, fiz yoga para gestantes, caminhadas,
muito banho de mar e lagoa com exercícios na água, minha gravidez não foi de
risco, e aguentei as pessoas falando que iria passar da hora, mas confiei nos
meus instintos, eu sabia que ele iria chegar.
No dia 05/03 as 04:53 ele veio, foi a madrugada mais louca
da minha vida, sábado para domingo, mas antes disso a tarde as 16:00 fomos
caminhar na praia para ajudar na dilatação e a bolsa rompeu de frente para o
mar, nos abraçamos e rimos, foi lindo. O tampão mucoso também saiu, entrei na
água me molhei e agradeci, sabia que estava próximo o momento de ter meu filho
comigo.
Fomos para casa e logo começou as dores, tomei banho arrumei
as coisas e monitorei, as dores estavam frequentes de minutos em minutos então
fomos para o hospital, cheguei lá 20:30 fiquei em observação por uma hora e logo depois me
internaram pois eu estava em trabalho de parto, as dores eram frequentes,
fiquei em uma sala sozinha com meia luz e dois leitos. Foi bom ficar sozinha,
eu não aguentaria passar esse momento ao lado de pessoas estranhas.
Entrei com um dedo de dilatação e dilatei dez dedos em oito
horas de trabalho de parto, não colocaram ocitocina sintética, foram oito horas com dores
frequentes, sem nenhuma pausa para descansar ou dormir, mas o parto é feito
pela mulher e pelo bebê mesmo, as pessoas que realmente fazem força para que
esse momento aconteça, nem eu imaginei que era tão forte, passar por esse
momento me fez ver que sou capaz de aguentar qualquer coisa.
Eu estava exausta, não tive intervalos para dormir como muitas relatam, mas me concentrei nas dores e na
respiração e procurei não pensar no resto, as dores realmente me lavavam para
outro lugar, para outro planeta, eu olhava no relógio passava alguns minutos,
depois olhava e horas tinham passado, foi relativamente rápido, quando eu vi já
estava ganhando. Eu disse que relativamente pois alguns momentos parecia uma
eternidade.
Eu lembro do meu marido me dizendo calma, mas com os olhos muito arregalados, ele devia estar assustado com minha expressão, virei um animal, teve um momento que eu fiquei de quatro em cima da maca, me sentia um animal selvagem, urrava e gemia como um. Na minha cabeça eu gemia muito forte, meu marido disse que eu não fiz muito barulho, realmente a gente perde a noção de tudo, vamos para outro planeta.
Eu lembro do meu marido me dizendo calma, mas com os olhos muito arregalados, ele devia estar assustado com minha expressão, virei um animal, teve um momento que eu fiquei de quatro em cima da maca, me sentia um animal selvagem, urrava e gemia como um. Na minha cabeça eu gemia muito forte, meu marido disse que eu não fiz muito barulho, realmente a gente perde a noção de tudo, vamos para outro planeta.
Muitas pessoas me perguntam sobre as dores, bom foi a dor
mais intensa que eu já senti na vida, não consigo comparar com nada, mas ao
mesmo tempo uma dor libertadora e transformadora, a ocitocina realmente faz a
gente esquecer da dor, mas na hora a dor era muito intensa, não sentia dores
nas costas, a minha dor era no útero, mas era muita dor, e uma contração
seguida da outra com apenas alguns minutos de intervalo. Uma dor que é muito forte mas agora pensando eu acho ela estranhamente boa, não dá pra entender.
Uma dor tão forte que eu não conseguia comer nada, apenas
muita água e tomei suco de laranja, eu caminhava o tempo todo, uma dor que não
tem como ficar parada, é necessário o movimento, parece que alivia, mas ao
mesmo tempo eu não lembro de nada que pudesse aliviar.
Eu fiz uma hora de agachamentos embaixo do chuveiro, não
conseguia parar de abaixar quando vinha a contração, acho que isso me ajudou a
dilatar os dez dedos. Dizem que é dor de osso quebrando, nunca quebrei osso,
mas agora já se passaram dois meses e meu cóccix dói muito, imagino que tenho
fraturado ele durante o parto, ou deve ser o meu períneo não tenho certeza pois não investiguei.
Enfim Caíque nasceu e tudo passou, a dor realmente é na
hora, eu faria tudo de novo, não por mim, mas por ele, veio no tempo certo,
cheio de saúde, todo maduro, no tempo dele, na hora dele. Foi maravilhoso
passar por tudo, me sinto muito mais forte que antes e sei que fiz a escolha
certa para o meu filho. Em nenhum momento eu tive medo, e durante toda a gestação e durante todo o trabalho de parto o medo não foi minha companhia em nenhum momento, não ter medo já é o primeiro grande passo para tudo dar certo.
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